quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ceteri




Na nossa vida vão despontando pessoas,

que passam e ficam, sem qualquer obrigação.

Como os ponteiros do relógio, segundo a segundo.

Uns prolongam-se, outros não perdem sequer tempo.

Pensemos na vontade própria da solidão,

que existimos para sermos um.

Mas se pensarmos melhor, para sermos um temos de o saber ser.

Para que isso aconteça, não basta "a vida nos ensinar".

Na vida, a única maneira de sermos é com a comparação.

Na mímica do ser, como o macaco imita na tentativa absoluta de evoluir.

Precisamos dos outros, é um facto.

Sabemos que sozinhos não somos “Um”, apenas mais um.

Ser-se humano não é apenas ser-se uma praga de mais uma raça.

É ser no seu absolutismo. Eu preciso de ti, tu precisas de mim.

Precisar não é depender, é amar.

A partilha de quem eu sou com a partilha de quem tu és.

O que podemos ser juntos, para nós e para os outros.

O que procuras e o que procuro, na mesma existência.

A experiência conjunta da aprendizagem que automaticamente negamos.

Evoluir, ser, requer o conjunto.

O Universo diz-nos que energia gera energia,

alimentando-me de ti e tu de mim, seremos “Um”.

Contemplação do ego, "não preciso de ninguém". Latim, Caresco.

O teu ego para o ser, necessita que os outros te vejam, e sintam.

No fundo, completo-me com a energia de quem passa, fica ou deixa.

Sendo inócuo ou não.

Sentir quem sou, quem és, é olhar para quem nós somos, fomos.

Num conjunto, o que aprendi, vivi, senti, o que fiz.

Então podemos analisar que sim, os Outros, são de facto importantes na nossa vida.

Os que menos bem nos fizeram, os que bem nos quiseram, os que nos amaram, os que amamos.

Não seria ninguém ou simplesmente um vazio, se eu não me lembrasse dos outros.

Agradeço sempre, sem qualquer obrigação, a existência dos que passaram, dos que ficaram e dos que ainda virão.

Fizeram, fazem e farão parte do meu ser, enquanto a existência do meu “Um” for vivo.


Fibonacci Mental

 

Ciclo viciado, repetição de padrões.

Regemo-nos pelo conhecido, parecido ou igual.

Conforto no que é seguro. 

É deveras matemático, como na natureza. 

A necessidade de ordem, do padrão, da repetição.

Afinal, a tentação do desconhecido traz medo.

E nele a tendência de fugir. 

Como animais, continuamos a existir.

Fingindo que nada a ver temos com isso.

Comparamo-nos e até certa piada achamos. 

Mas não queremos ser a semelhança do animal,

 No seu verdadeiro sentido, como um todo.

Ao que não controlamos, fugimos.

Contudo, sem mais questões.

Simplesmente continuamos a repetir para viver.

Sobrevivência à resistência da possível dor. 

Redundância no erro.


 

Acerca de mim

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Simples Poetisa, para quem me considera uma mulher que escreve poesia, e também Poeta, pois escrevo de forma a que a expressão literária seja o verso. Na verdade, gosto simplesmente e profundamente de poesia.