segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Spiritus Natalicius




A saudade invade-me de uma forma quase completa.

Deixa-me dormente aos meus sentimentos.

Apaga-me do sonho que tinha.

Perco-me em ti em pensamentos e sei que lá te encontro sempre.

Sinto-te tão presente, mas tão longe.

Não consigo chegar a ti, mas tu chegas a mim tão fortemente.

Abanas tudo o que tenho cá dentro, deixas-me à flor da pele.

Queria-te aqui perto de mim, de nós.

Só queria ver o teu sorriso novamente.

Perder-me no teu olhar dócil e procurar força.

Volta para a minha vida, volta para mim.

Quero-te dizer aquilo que nunca consegui dizer.

Quero ouvir-te mais uma vez e não me esquecer da tua voz.

Quero deixar de te recordar e ter-te novamente.

Preciso-te.

Perco-me pelas ruas em tua descoberta.

De certa forma encontro-te em muitas faces, corpos, espíritos.

Vaguear não me parece mal, mas nunca serás tu verdadeiramente.

Porque fugiste para esse sítio, espaço, tempo, em que eu não consigo alcançar.

A fraqueza reinou em ti de uma forma tão brusca.

Abanou-te cruelmente e tu não conseguiste aguentar.

Tentaste ser forte, eu sei que sim, não te culpo mais.

Compreendo-te. Agora sei-te.

Consigo sentir a tua dor, a tua incapacidade de compreender o que acabara de acontecer.

Pôr-me nos teus pés já me é tão fácil, embora seja o sentimento mais cruel que alguma vez senti.

Como água corrente cai sobre mim este sentimento.

Que me envolve em ti como se fosse eu.

E as cores quentes abraçam-me com tanto frio, as luzes que iluminam as ruas, os lares.

E em vez de sentir-me feliz como tu outrora.

A tristeza apodera-se de mim minuciosamente.

Quase quebrando todas as minhas fronteiras.

Ferindo-me de uma forma tão subtil.

Esvaziando de certa forma o meu ser, deixando-o mais leve.

Mais areoso, vazio.

Como se de repente o vento me levasse a ti.

E com carinho penso que afinal tu estarás sempre dentro de mim.

Que conseguirei sentir-te sempre.

Que farás sempre parte de mim, que consigo ver-te.

Assim sei que o luto terminará em breve.

De uma forma tão cheia o meu espírito sossega-me.

E o fio ao meu peito ficará sempre para te sentir mais perto de mim.


A maior de todas as conquistas do ser já consegui vencer. Amar.

E por isso amar-te torna-me mais completa, forte.

Amar-te-ei para sempre.



domingo, 24 de novembro de 2013

Sensório




Vazio...

Uma reação em cadeia do que se sente.

Um jogar de sentimentos caídos pelo chão.

Cada pedra, cada sentimento.

O espaço que existe entre elas torna-se demasiado fino.

Sufocando cada vez mais o respirar que existe entre elas.


Respirar...

Um aperto forte como um vulcão que entra em erupção.

Lava, que queima rapidamente o oxigênio.

Cinzas, que caem sobre o ser.

Sentido, esse perde-se no ar cinzento.

Escasseia-se a vontade de emergir.


Vontade...

O mundo altera-se lentamente sem que muitos o consigam ver.

De uma forma tão real, tão presente para quem o sente.

A maneira de pensar do ser cria-se e agarra-se à vontade.

De mudar, corrigir, sentir, alterar.

Mudança esperada, desejada, inalterabilidade, essa difícil de lidar.


Sanidade...

Aquela que todos procuram, mas poucos a encontram.

Essa que transmite segurança, que elucida a loucura.

Que se enlaça sobre o ser, que o cria.

Ser quem tu és, para que possas sê-lo para os outros.

Emoção não compreendida, julgada.


Segurança...

Esvaziada em muitos, completa em poucos.

Emergida de uma forma tão sólida que quase sufoca.

O sufoco de querer mais, compreensão, chegar a ti.

Com isto o afastamento recai mais uma vez.

Apenas as memórias ficam.


Culpa...

Sentimento tão poderoso que dá cabo de qualquer ser.

Quase como se pregasse em ti como uma chaga.

Fugir disso é ter a certeza da segurança que tens em ti.

Deixa que o teu ser te ilumine para chegar onde queres.

Deixa que esta culpa que sentes não te derrube por nada.


Chorar...

Porto seguro para muitos, um inferno para poucos.

Surge sem controle, um mar que escorre pelas terras de alguns.

Tão secas como um deserto que anseia pela mais pequena gota derramada.

Reação que faz o ser cair sem se conseguir levantar.

Quase como se um maremoto te arrastasse para bem longe de ti mesmo.


Sorrir...

Esconderijo seguro para quem não quer sentir.

Libertar todas as emoções para o mundo parece a forma menos viável.

Sorri, enquanto podes, quando o sentires.

Que seja esta reação a encaminhar o teu ser.

Um sorriso vem sempre de algo puro, seja qual for o significado desse mesmo.


Pureza...

Essa que em muitos lhes escapa.

Em poucos se revela de uma forma tão julgada.

Um tanto de tranquilidade como de instabilidade.

Para quê? Tão simples de sentir, tão simples de emergir.

O não entendimento faz parecer-vos tão fracos.


Fraqueza...

Essa que enfraquece o teu ser.

Envelhece-o de uma forma quase esperada.

Não deixes que ela te vença, abraça-a.

Simplesmente torna-te resiliente.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Pendência psíquica

Sem saber por onde ando,

Perdida num cheio tão vazio,

Caminho por cimento, mar e terra,

Tentando arrastar as pesadas raízes,

Presas a mim de uma forma inimaginável,

Penetradas em minha pele,

Entrelaçadas aos meus vasos sanguíneos,

Puxando cruelmente pelo meu ser.

Procuro sem respiração a solução,

Entendendo a sabedoria da questão,

Estendo-me sobre o chão desnuda de sentir,

Esperando que a claridade me ilumine,

Luz essa, quente que queima bravura,

Coragem que alarga a fervura.


Levanto-me dos medos,

E sigo caminho,

Enfrento-me e tento,

Encorajo-me e sinto medo.

Gota que caí,

Segregada por uma glândula lacrimal,

Enchendo-me de tal força.

 

Vencer por um instante,

Parece um deserto repleto de vazio,

No eco soa o vento que rasga o meu ser,

Vendo-me estripada de qualquer sentimento,

Inadvertidamente a realidade impõe-se,

E essa que tanto pode atormentar como tranquilizar,

Por fim, com calma sossega-me,

Deixando a ablepsia quebrar-se.


E vejo, diante de mim, o doce sabor de me vencer!


sábado, 19 de outubro de 2013

Mutationem




Raízes que cresceram dentro de mim,

Fortes, potentes, amadurecidas.

E agora tão efémeras, escasseiam pelo vento,

Deixando-me nua de pensamentos.

Ruínas surgem, 

Ergue-se um novo caminho,

Tudo perde sentido,

Rumo perdido de foco, 

Sem destino delineado.

Enlaçado por lembranças,

Memórias que viajam a 100 Km/ph,

Pormenores que chegam e partem,

Sem qualquer retorno.


Raízes que se quebram,

O forte ruído dá-se ao vento,

Como se de uma árvore se tratasse,

Esmurrada, com ausência de cor, 

Brilho, ou vivacidade,

Esbatida pela sombria dor.

Ecos fluem pelo o ar,

E sempre que voarem perto de mim,

Abraçarei-os com força,

Para mais tarde, 

Recordar o que é morrer,

E renascer.


O Tempo,

Esgueira-se sem medos e rodeios, 

E sem mais nem menos, passa.


Deixa fendas por suturar,

Sorrisos perdidos,

Amor por dar,

Sede de querer,

Meta por alcançar,

Sonhos sonhados,

Futuro traçado e delineado,

Perdido e entrelaçado,

Quebrado.


Ouvir, escutar, 

Falar, gritar,

Olhar, ver,

Sentir, sente,

Vazio, ar,

Esquecer, amnésia,

Saudade, relembrar.


Aperto,

Tão forte e severo,

Capaz de estremecer todas as paredes do corpo,

Como se de um terramoto se tratasse,

Capaz de matar,

Enlouquecer.

Quebrar a maior proteção,

Para que a emoção feroz,

A mudança audaz,

Sem qualquer receio ou pudor,

Se liberte!





 20/10/2013




Acerca de mim

A minha foto
Simples Poetisa, para quem me considera uma mulher que escreve poesia, e também Poeta, pois escrevo de forma a que a expressão literária seja o verso. Na verdade, gosto simplesmente e profundamente de poesia.