quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Ustilas

 

Foste sem querer a gasolina,

Que ateou de novo a chama,

A lenha para me queimar,

Arder só porque sim.


E o fumo que isto causou,

Sufocou o meu oxigénio,

Sem conseguir verbalizar,

Cegou o meu olhar.


E queimando tudo o que não quero,

Sem nada para apaziguar,

Apaga-me, suplico-te.


Apaga o fogo que arde em mim,

Preciso remover as cinzas,

E deixar o restolho de parte,

Purificar de novo o coração.


A reconstrução é imperativa,

Neste sentimento ímpio,

Porque o sentir demais destrói,

Quero-me de volta. 


Somnis

 

Dei por mim a viajar,

Contigo dentro e fora,

Da cabeça, onde tudo se criou.


Eram os teus cabelos entrelaçados,

No vento do meu suspiro,

Na tua nuca, sussurrando-as,


As palavras escondidas, as que sentia.

Soltas na nossa pele suada,

No vagar de um olhar,


Nas entrelinhas do silêncio,

O cinema assim se fez,

Aquecendo a película romantizada,


Nas madrugadas molhadas,

O sentir a calma do recomeçar,

E sem previsão de sentimento,


Acordei, foi apenas o sonhar. 


Aer et Ignis


Encontrei a chama esquecida,

Em ti senti o frio na barriga,

O calor da negação de sentir,

De correres pela minha cabeça ao nascer do dia,

Sem qualquer pedido de autorização.


Estar contigo, alma familiar,

Ser parceiro sem o ser,

A estranha união perfeita dos seres,

Que confusão de sentidos.

Querer sem porquê ou hesitação.


Deitar-me contigo na mente,

A insegurança a expelir-se,

Com o passar dos minutos parece dissipar-se,

E como entrou, sai a correr.

Esta sensação do pertencer sem o ser.


Saber que o gostar de ti é meramente isso.

Sem maldade absoluta, é só mais uma história,

Daquelas bonitas que perdidas ficam.

Na turbulência do gostar da tua pessoa,

Foi-me fácil.


Foi o início de algo que estremeceu,

A sensação obsoleta do romantismo.


domingo, 15 de agosto de 2021

Orgasmus


Beber-te e saciar-me,

Arder à flor da pele,

Sacudir a fome de espírito. 


Calar o grito interno e gemer o prazer,

Ser dentro de ti,

Purgar os nossos pecados. 


Santificar o clímax,

E sacrificar o corpo.

Entre rasgos de roupa,

Semelhantes à pele.


A dor da tesão presa aos movimentos carnais.

Queimando a água do teu corpo,

Suando os nossos demónios,

Sucumbindo às maleitas do nosso querer. 


Comer-te a pele,

Devorando-a em cada beijo.

Dizer-te que és bela, 

Vendo o que de mais feio há em ti.


Cativar-me sem qualquer receio,

E no fim, sem fugir à bagagem,

Dar-te-ei colo, amor. 


Ver-te como um só.

Comer as tuas palavras,

Devorando a tua intelectualidade.

E até mesmo as tuas dores mais cruas.


Amar-te na plenitude. 


03/2021

Poeta


 O Poeta que rói poemas,

Deixando marcas de tinta.


Deleita-se sob o papel amachucado,

Sob a tinta esborratada.


Recitando assim versos,

Embebidos em sonhos. 



09/2019

Purus

 

Os meus "Eus" transformados,

Ilibados de culpas.

Transcendentes a metamorfose,

Tive que ser quem fui, quando o fui.


Se cair no ridículo foi necessário, rio-me com eles.

Que no meio de tantos "Eus",

Restou no presente quem sou eu. 


As cicatrizes do interno,

Que fazem parte de quem eu sou.


Porque história não seria história, 

Como as marcas de quando tropeçamos,

Até mesmo em nós. 


06/2019

Acerca de mim

A minha foto
Simples Poetisa, para quem me considera uma mulher que escreve poesia, e também Poeta, pois escrevo de forma a que a expressão literária seja o verso. Na verdade, gosto simplesmente e profundamente de poesia.