terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Fumus


Foste curiosidade juvenil,

Mal sabia eu das tuas amarras, 

Foste companheiro de tanto,

Em salas cheias de música,

De chuto, fumo e cinzas.


Foste nevoeiro em livros mal escritos,

E chama para me queimar,

Em casas cheias de alegria e dor,

Foste bengala da falta do cuidado,

Droga do prazer interno.


Foste fumo entre horas de pintura,

Harmonia entre uísque e música,

Uma combinação quase poética,

E quando mais precisava de gritar, fumava-te.

E foste tantos gritos fumados. 


Foste prisão, ritual viciado agregado,

Foste peso no meu respirar,

De tanta falta de ar provocada,

Está na altura de te enterrar, arma. 

Recriar um ritual ancião.


Seguir para o outro lado da vida,

Em liberdade, em paz.

Adeus companheiro mortal,

Deixa-me sacudir a tua cinza,

E regenerar. 



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Acerca de mim

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Simples Poetisa, para quem me considera uma mulher que escreve poesia, e também Poeta, pois escrevo de forma a que a expressão literária seja o verso. Na verdade, gosto simplesmente e profundamente de poesia.