Aprendi a mentir-te,
A usar-te como escudo,
Como reflexo num vidro de rua,
O caos residiu em mim.
Ensinaste-me a usar o desconhecido,
Transformando a ignorância em clareza,
De cada movimento gesticulado,
De cada palavra ou som.
Hoje sei-te melhor do que ninguém,
Até de mim mesma, que tanto há por desvendar,
A tua essência tornou-se sinapse adquirida.
Substituindo o ADN natural,
Criando mutação catastrófica,
Sabendo mais do racional,
Do que o próprio animal.
E o ciclo em vez de se fechar,
Inicia dentro de mim,
Criando, transformando,
Lucidez transpirada, venerada.
A colisão de duas energias,
Nunca poderão ser absorvidas no que é nulo,
O resultado nunca é o esperado,
Regenera-se, mera atracção.
As tuas partículas fundiram-se,
Como praga, mataram mas também transformaram,
E tudo o que restou se alterou,
Nunca foi nulo, ou resultado negativo.
Aprendi a equacionar,
A análise tornou-se mais que pura matemática,
A antropologia fundiu-se em caracteres,
E numa nova programação, instalou-se no meu epicentro.
Preferia não te ter colidido,
Rasgou-me a energia,
Lembranças gastas, memória corroída,
Emoção desvairada, doente.
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